A cidade de Buriticupu, no Maranhão, vive uma situação crítica devido ao avanço das voçorocas, grandes crateras formadas pela erosão do solo. Imagens de satélite revelam a progressão desse fenômeno, que já destruiu casas e coloca em risco milhares de moradores. O problema, que assola a região há mais de 30 anos, foi agravado recentemente pelas chuvas intensas, levando o município a decretar estado de calamidade pública na última semana.
A prefeitura de Buriticupu informou que 250 moradias estão em áreas de risco, afetando cerca de 1.200 pessoas. Muitas dessas casas já foram destruídas ou estão sob iminente perigo de colapso. O decreto de calamidade pública autoriza a desapropriação das residências ameaçadas e a realocação dos moradores para locais seguros.
Todos os dias, o Brasil é “fotografado” por esses satélites, e as imagens são disponibilizadas em uma plataforma web no prazo de 24 horas. Com esses dados, é possível identificar áreas vulneráveis, alertar autoridades e auxiliar na tomada de decisões emergenciais.
Por que as voçorocas se formam?
O termo “voçoroca” vem do tupi-guarani e significa “terra rasgada”. O fenômeno ocorre quando pequenas erosões se aprofundam até atingirem o lençol freático, formando crateras gigantes. Especialistas apontam que a combinação entre desmatamento, urbanização desordenada e chuvas intensas cria condições ideais para o surgimento e expansão dessas fendas.
— Nenhuma voçoroca nasce grande, mas o desmatamento, a impermeabilização do solo e a topografia da região contribuem para o seu crescimento acelerado — explica a geógrafa Heloisa Ferreira Filizola, doutora pela USP. Segundo ela, a solução passa por ações preventivas, como a preservação da vegetação e o manejo adequado do solo.
Diante da gravidade da situação, a Prefeitura de Buriticupu organizou reuniões com representantes do Governo do Estado, universidades e instituições de pesquisa. O objetivo é desenvolver soluções sustentáveis para conter o avanço das voçorocas e proteger a população.
No dia 20 de fevereiro, a prefeitura publicou um comunicado em suas redes sociais enfatizando a necessidade de união para enfrentar o problema: “A preservação ambiental e a segurança das famílias que moram próximas às voçorocas são prioridades que exigem ações conjuntas e planejamento estratégico”.
Na mesma data, professores da Universidade Estadual da Região Tocantina do Maranhão, incluindo Geraldo Pimentel, Liriane Barbosa e Josué Viegas, se reuniram com o prefeito João Carlos, o secretário adjunto de Infraestrutura do Estado, Silvano Neto, e a deputada estadual Edna Silva.
O encontro marcou o início do desenvolvimento de um projeto para mitigar os efeitos das erosões.As imagens de satélite são uma ferramenta essencial para acompanhar a evolução das voçorocas e auxiliar na elaboração de estratégias de contenção. A tecnologia permite uma resposta mais rápida das autoridades e a adoção de medidas preventivas para evitar que novas áreas sejam afetadas. (O GLOBO)







