A nossa história – de nosso Estado-Colônia e não Estado-Nação, quando deveria sê-lo – foi marcada pela aculturalização europeia. Lamentável. E o resultado desse processo de expropriação e exploração culminou na ideia de inferioridade. Mas, o mais impressionante disso, se revela em querelas fúteis e inúteis de sujeitos que se arvoram detentores de um vasto conhecimento empírico e cientifico; preocupando-se com outros que, a priori, não necessita demonstrar que já entende que o conhecimento é um espaço a ser conquistado com muita dedicação e estudo, e aquilo que é objeto de compreensão lhe confere a sua genialidade. A genialidade não consiste fundamentalmente numa grande descoberta sui generis, mas, basicamente pensar o diferente com liberdade e autonomia sem, contudo, estar atrelado a algum patife, bandido, vândalo, ou, ainda, a um burguês que se alimenta num prostíbulo decantando seu prazer em querer controlar a maioria da população por intermédio do capital sujo.
A atualidade nos reveste de diversas armas e a mais notável delas é a democracia, sendo a democracia o cerne de uma elementar mudança significativa numa dada sociedade, podemos afirmar que ela é a filha mais nobre da liberdade e a liberdade, por sua vez, nos confere o direito de autonomia enquanto sujeito histórico capaz de pensar com plena independência intelectual e satisfação sem pudor e/ou temor. A capacidade de pensar – para não adentrarmos na questão eminentemente filosófica, pois, estaremos mergulhando numa vasta complexidade do ato de pensar e conhecer, pelo jeito, essa não é minha intenção, ao contrário -, nos remete para algo concreto e visível e é por isso que procuramos desvendar os mistérios e enigmas do sistema social opressivo estruturado pela burguesia decadente. A decadência burguesa codoense se manifesta por sua incapacidade teórica, não há um único burguês com capacidade reflexiva para adornar a problemática social codoense numa perspectiva renovadora, mas, apenas emitem sons guturais, sem nenhum sentido. É como se vivêssemos na idade da pedra lascada. Não há entendimento daquilo que se proclama como proposta de mudança. Minha crítica, ao inverso, é como uma lâmina afiada que penetra e rasga o peito daqueles pobres infelizes burgueses que não são dialéticos, mas, simplesmente, retoma o gosto pela repetitividade lacônica dos elementos sociais, culturais e econômicos presentes que já não deveriam existir como obstáculos em nossas relações; no entanto, tais elementos são justificáveis para suas falas de dominação de classe permanente. A capacidade de refletir essa estrutura local conservadora constitui tarefa indispensável para o povo empreender seu próprio caminho permeada pela democracia popular e pela liberdade coletiva social. Se, o povo codoense pensar nessa linha de raciocínio, e acreditar em si, certamente, será o condutor de seu próprio destino, na verdade, o povo experimentará uma profunda experiência em que ditará o modus operandis de realizar suas ideias coletivistas.
A democracia é o elo intrínseco para construir uma nova sociedade, um novo homem, uma nova forma de pensar a política como exercício fundamental da cidadania. Não há outra forma equânime capaz de proporcionar tamanha alegoria transformadora para o conjunto da sociedade civil organizada. É na democracia que o povo deve se acostar e defender suas lutas sociais e políticas. Impossível realizar uma profunda transformação social e revolucionária fora da democracia. A democracia é a pedra angular da transformação tão desejada pela classe trabalhadora – no sentido de antagonismo, de luta de classes. Não acredito na possibilidade de mudança sob a óptica burguesa, pois, a sua conceituação democrática parte do principio de classe social e, para ela, a democracia só existe para si na medida em que serve a si mesma enquanto classe social dominadora. É inviável pensar uma sociedade democrática com a burguesia sendo sua matriz condutora.
O homem que pensa como um revolucionário, não pode dar o luxo de querer ser aclamado como burguês e pela burguesia – numa clara intenção de cooptá-lo -, ou, então, como apoiador da elite branca dominadora; ele por si mesmo se proclama como proletariado, aliás, é impossível ser burguês e pensar burguesamente, estabelecendo fortes e contundentes críticas aos infelizes e decadentes burgueses e seu sistema dominante.
A democracia fere somente aos que a abomina aos que a odeia aos que não a deseja aos que a despreza. Mas o seu encanto é tão fundo e seu laço é tão forte que não rompe diante das ações nefandas de seus inimigos (a elite dominante enquanto classe). Apesar de tudo a gente consegue identificar nas entrelinhas dos discursos pronunciados pelos representantes das elites brancas o seu inidôneo e indisfarçável ódio à sua existência fascinante. Ora, se de um lado, ouso afirmar que a democracia é ao mesmo tempo o pilar essencial para a consolidação de um regime hesitante, por outro, reafirmo que ela implode qualquer tentativa de movimento retrogrado e conservador.
Portanto, pensar a democracia numa perspectiva transformadora e revolucionária é ir de encontro ao seu conceito estático, amorfo, burguês. A democracia instiga a inevitável força da classe trabalhadora como obra de suas próprias mãos. Somente a classe trabalhadora será a responsável direta por sua emancipação e libertação da opressão dos capitalistas e do capitalismo.
Pensar a democracia como instrumento suficiente para aclamar por uma nova forma de exercer a política é colocar como prioridade a ética na política e estende-la como principio definidor de um processo participativo, amplo e revolucionário. Assim, teremos um corte frontal com o casuísmo conservador e aleijado que predomina a várias décadas em nossa comunidade. O nosso povo só será efetivamente um povo liberto do jugo liberal-burguês, quando estiver sob seu comando o poder político e para isso acontecer é necessário que haja intensas lutas e mobilizações. A burguesia já não consegue manter sob seu controle a classe trabalhadora e, por isso mesmo, tenta a todo custo manter uma relação de opressão e subordinação, fonte de todos os males.
Por Jacinto Júnior